É fato incontestável. As profissões tendem a evoluir toda vez que a tecnologia avança. Por exemplo: os médicos tiveram que aprender sobre imagens digitais e robótica. Os engenheiros tiveram que aprender a utilizar complexos programas de modelagem. Já advogados tiveram que se adequar com a alta velocidade de andamento de processos, com a introdução dos Autos digitais. A tecnologia veio para ajudar, mas também para exigir mais de cada profissional.
E o mecânico não é exceção. Basta observar o quanto os veículos automotivos (carros, caminhões e ônibus) evoluíram nos últimos 25 anos.
Pois é, em 1991 a eletrônica embarcada estava começando a alçar os seus primeiros voos. E muita gente não acreditou que ela fosse vingar: “É só um modismo que logo vai passar”, “Não vale a pena investir um monte de dinheiro em equipamentos que depois vão focar encostados”, afirmavam os mais céticos. Só que a “coisa” deslanchou. De uma hora para outra, a injeção eletrônica, os freios ABS, o controle de estabilidade, a climatização digital e tantas outras novidades passaram a fazer parte dos de praticamente todos os modelos produzidos no pais. Isso sem falar nos “importados” que eram ainda mais sofisticados.
Ou seja, num curtíssimo período de 3 anos, quem não havia se atualizado, estava condenado a trabalhar com veículos velhos, cujos donos tinham baixo poder aquisitivo. Sim, foi uma verdadeira correria. As vendas de equipamentos e treinamentos explodiu. O mecânico foi obrigado a voltar para o banco da escola para aprender sobre algo que ele detestava: elétrica. Ele também precisou investir em equipamentos sofisticados, atendimento, instalações adequadas e uma série de outras “coisas” que, pouco tempo antes, eram consideradas supérfluas. Mas era uma questão de sobrevivência!
Só que tecnologia não parou de evoluir. As montadoras precisam, a todo momento, disponibilizar ao mercado veículos cada vez mais sofisticados, seguros, confortáveis, econômicos e não poluentes. É uma questão de sobrevivência! Quem atualmente vai comprar um veículo novo quer redes de comunicação, sistemas de injeção direta extremamente sofisticadas, superalimentação controlada eletronicamente, faróis que se movimentam à medida que o veículo faz curvas, motores híbridos, células de combustível. O céu é o limite! E mais: o aparecimento do veículo que se conduzirá sozinho é apenas uma questão de tempo.
E quem é que vai consertar tudo isso depois de um certo tempo de uso e desgaste? Claro que é o mecânico. Mas não um mecânico qualquer. Apenas aqueles que forem qualificados. Afinal de contas, nesse tipo de veículo, um erro pode ser “fatal” (em todos os sentidos, inclusive o financeiro).
Bem, diante de toda essa evolução, que está ocorrendo bem defronte às nossas vistas, seria muito pouco provável, praticamente impossível, encontrar um profissional que virasse as costas as novas exigências que a profissão impõe.
Só que infelizmente essas pessoas existem. Esses profissionais insistem em não se atualizar. Recusam-se a disponibilizar parte do seu tempo para frequentar um curso. Julgam o investimento em equipamentos de diagnóstico em desperdício de dinheiro. E o pior: mesmo sem conhecer a “anatomia” e o funcionamento de um determinado modelo, aceitam o serviço. A partir daí é um verdadeiro salve-se quem puder.
Estude!
No atual patamar tecnológico que se encontram os veículos, não é seguro tentar qualquer tipo de diagnóstico sem se conhecer eletroeletrônica automotiva básica. Tensão, corrente e resistência elétrica, são palavras que devem fazer parte do vocabulário do mecânico moderno. E se o modelo for um pouco mais sofisticado, conhecer como funcionam as redes de comunicação (multiplexagem) é essencial.
Até mesmo para instalar acessórios. Afinal de contas, cortar um fio errado pode implicar em pane geral do veículo, ou mesmo, a destruição de um caríssimo módulo de comando.
Tentar um reparo numa injeção eletrônica direta, sem ter pelo menos lido o manual de serviço e os procedimentos de segurança? Risco de acidente grave, pois as pressões de trabalho são altíssimas!
Não adianta espernear e teimar: para trabalhar com veículos modernos, o mecânico tem que estar atualizado em seus conhecimentos e com a oficina devidamente equipada.
Hoje em dia, não dá mais para se lavar um motor como se fazia a 30 anos! O enxague pode ser o último!
Como assim: “qualquer aditivo de radiador serve” e “óleo é tudo igual”? Um fluido errado pode destruir um sistema!
Lembre-se: conhecimento não ocupa lugar! E cada minuto no banco da escola é um investimento.
Equipe sua oficina
E como fazer diagnósticos num sistema de injeção sem um escâner, um multímetro e dispositivos apropriados para medir pressão e vazão dos sistemas de combustível?
Um osciloscópio pode ajudar muito quando o programa de diagnóstico, que se comunica com o scanner, não é muito eficiente. Ele também ajuda a monitorar os sinais de multiplexagem. E se ele tiver acessórios especiais para ler o secundário da ignição, melhor ainda. É preciso lembrar que rapidez e eficiência significam mais dinheiro sobre a mesa nos dias atuais.
O vacuômetro ajuda a detectar entradas falsas de ar, que tanto atrapalham o funcionamento do motor e são tão “chatas” de se localizar.
Como não ter um testador de bicos injetores hoje em dia? Boa parte dos problemas de funcionamento do motor se devem ao entupimento ou falta de estanqueidade dos mesmos (ainda mais com os combustíveis adulterados oferecidos por ai).
O motor está “cansado”? Você só vai saber se medir a compressão dele.
Esses equipamentos são caros? Sim, claro que são. E não é todo mundo que pode comprar tudo sozinho. Mas é para isso que existem as parcerias entre oficinas e núcleos de profissionais. Não é verdade?