Auto-R Caputo Betim

A pressa é inimiga da perfeição, diz o ditado popular. Bem, apesar da enorme experiência em nosso mercado, a Fiat se esqueceu dele ao lança-lo. O aguardado subcompacto chegou às lojas com um motor 4 cilindros ultrapassado e uma direção hidráulica defasada. Como são itens ligados diretamente à dirigibilidade e ao prazer ao volante, além de determinantes no consumo, a decepção foi gigantesca.

Como o simpático modelo que prometia “inaugurar” a categoria de city-cars no Brasil podia ser assim tão ruim de guiar e manobrar, além de gastão? Que tipo de carro urbano era esse?

O QUE TEM?

Colocar o 3 cilindros e a direção elétrica como únicas opções exigiria fazer versões básicas com tal mecânica. Porque o conjunto é oferecido hoje em configuração única, de R$ 39.870 – já com ar-condicionado, chave canivete com controle, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, limpador, lavador e desembaçador traseiro, abertura interna do tanque e do porta-malas, volante e cintos com ajuste de altura, banco traseiro bipartido e computador de bordo. Com o Kit Tech, vai a R$ 44.370 e ganha faróis de neblina, alarme, retrovisores elétricos com tilt down e luzes de direção, banco do motorista com ajuste de altura, apoia-pé para o motorista, porta-revista, porta-óculos, sistema de som com bluetooth e USB e sensor de estacionamento traseiro, além de volante multifuncional, rodas de liga-leve aro 14 e console de teto com espelho auxiliar.

Trata-se de um pacote completo, considerando o preço. Modelos similares com esses equipamentos custam mais. Não é um carro que te mime muito, mas tem um sistema de som com ótima qualidade sonora e muitos recursos que trazem praticidade ao cotidiano na cidade: todos os comandos de som e telefonia bem à mão (no volante), fáceis abertura do tanque e do porta-malas (comandos internos) e abertura e fechamento dos vidros (sobem e descem pelo comando remoto da chave), sensor de estacionamento traseiro, etc. Pena que falte o sistema isofix para fixar cadeirinhas infantis.

NA CABINE

Na cabine, como nos outros Mobi, está uma das coisas que a Fiat faz melhor: carros baratos sem aparência simplória. É tudo de plástico duro, mas cheio de formas, soluções criativas e – principalmente – texturas. Elas passam uma impressão de que os materiais são mais nobres, dão um ar mais alegre à cabine. O console no teto com porta-coisas tem um espelho auxiliar para ver as crianças, que devem viajar com mais frequência no banco traseiro – ideal para elas, mas com pouco espaço para adultos.

Essa é uma das limitações do Mobi, por culpa dos contidos comprimento e entre-eixos. Considerando, porém, que seu consumidor é principalmente jovem e urbano, não é um grande pênalti. Ele raramente usa o banco traseiro; se muito, para carregar a bagagem que não coube no porta-malas de 215 litros (o VW Up acomoda 285 litros). Falando nisso, há ali um interessante compartimento removível que fica encaixado no fundo e tem uma tampa que pode ajudar a esconder ou organizar as coisas, atuando como divisória, ou ficar encaixada fora do caminho, liberando espaço para objetos maiores. Vale destacar ainda que o encosto do banco traseiro é sempre bipartido e que as portas traseiras, embora pequenas, abrem quase 90 graus.

COMO ANDA?

Mas vamos ao que mais interessa no Mobi Drive: a mecânica que lhe deu sentido. Depois de dar partida, a vibração em marcha lenta é tão contida que me pergunto se aquele é mesmo um 3 cilindros. HB20, Ka e até Up vibram mais. O carrinho parte com uma bela disposição em baixos giros (tem apenas 6 válvulas, duas por cilindro) e, pouco depois de o pequeno conta-giros marcar 2.000 rpm, a tela multifunção colocada dentro do velocímetro diz que já é hora de trocar de marcha. O Mobi segue seu caminho sem ruídos ou vibrações, e, rodando pela cidade, o computador de bordo marca mais de 14 km/l (com gasolina). Surpreendente, e bem próximo dos dados oficiais (confira todos na ficha técnica mais baixo; o Mobi Drive está entre os modelos mais econômicos do país).

Embora o motor não tenha a mesma elasticidade do 3 cilindros da Volks, e por isso exija trocas de marcha um pouco mais frequentes, ele agrada também nas altas rotações. Ignorando a sugestão de troca e esticando as marchas, o motor 1.0 encontra o bom torque máximo (10,9 kgfm) a 3.250 rpm e o carro dá uma boa puxada, com um pouquinho mais de trepidação – mas nada excessivo – e um ronquinho agradável. Não é para isso que o Mobi foi feito, e nas cidades você só vai encontrar pista livre para isso nas noites ou nos fins de semana, mas com essa motorização ele é capaz de ser divertido, sim, ao volante. A aceleração de 0-100 km/h em 12 segundos, por exemplo, equivale à de muitos carros grandes e automáticos. Pena que o câmbio manual de cinco marchas tenha engates tão vagos, imprecisos. Não cheguei a engatar a marcha errada, mas a impressão é de que isso sempre vai acontecer – e isso causa certa insegurança no motorista.

A nova direção com assistência elétrica, como já disse, foi outro importante fator transformador do Mobi. Antes era hidráulica, pesada, lenta e com retorno estranho. Agora está muito mais precisa e agradável, e ainda conta com dois modos: um botão no painel ativa o modo City, que a deixa ainda mais leve, seja para fazer baliza, sair da garagem ou ficar mudando de faixa em meio ao trânsito caótico. Com ele desativado, o carro fica mais “esportivinho” e também mais adequado para um eventual uso rodoviário.

E saiba que as estradas não são um ambiente hostil para o Mobi, embora não seja sua proposta ser um carro rodoviário. A 100-120 km/h constantes, o motor vai a 3.000-3.500 rpm e o silêncio na cabine é surpreendente. O computador de bordo indica mais de 19 km/ de média, uma marca excelente, bem acima dos dados oficiais (segundo o Inmetro, ele é mais econômico que o VW Up 1.0 aspirado na cidade e na estrada). E o Mobi se mantém bem em linha reta, embora as suspensões macias não sejam ideais para curvas rápidas.

Falando nas suspensões, elas são calibradas priorizando o conforto, bem ao estilo Fiat. Essa deficiência em curvas mais rápidas e desvios bruscos de trajetória (que raramente vão acontecer) é compensada pela boa dose de valentia e conforto ao encarar ruas esburacadas e valetas (algo bem mais frequente nas cidades).

CONCLUSÃO

Ainda resta saber como o Mobi vai se sair nos crash-tests: ser pequeno não significa ser inseguro, como comprova o rival Up, que ganhou cinco estrelas no latin NCAP. Mas de qualquer forma, olhando bem para nosso mercado, o Mobi é uma oferta interessante principalmente pela relação custo-benefício. É menor e menos espaçoso que seus rivais, mas também custa menos que eles. O pacote de itens de série e os opcionais são bastante atraentes e, para quem faz um uso principalmente urbano, ele agora curou dois graves problemas, suas principais falhas. Pobre de quem comprou os Mobi 4 cilindros. Se você ainda não comprou, pense que pelos cerca de R$ 1.400 a mais da versão Drive você leva não só o motor muito mais moderno e extremamente econômico, mas também a ótima direção elétrica e o painel mais completo. Vale a pena.

Fonte – http://motorshow.com.br/blog-sobre-rodas-avaliacao-mobi-drive-e-o-verdadeiro-fiat-mobi-e-unico-que-devia-existir/

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